Inadimplência: terror para os síndicos

Especialistas dizem que melhor forma de evitar problemas é contratar empresa para cuidar da administração

Araújo enfrenta inadimplência de R$ 75 mil ao mês.

Ser síndico não é uma tarefa fácil. Manter a ordem, o cumprimento das normas e colocar contas em dia já é difícil para quem administra uma residência, que se dirá quando moram num mesmo lugar várias famílias. Hoje em dia os problemas tradicionais, como barulho fora do horário e desentendimentos entre vizinhos não são mais o vilão da função. A batalha agora é contra a inadimplência. Especialistas explicam que, uma forma de diminuir a dor de cabeça é contratar uma empresa de administração.

O militar da reserva Venício Braz de Araújo, de 49 anos, síndico-geral do Parque Residencial Joaquim de Oliveira, em São Gonçalo, diz que a função é desgastante. Com cerca de 3,4 mil moradores distribuídos em 880 unidades divididas em 11 blocos, o residencial contabiliza cerca de 30% de inadimplência na taxa condominial.

“A taxa de condomínio varia entre os blocos, mas fica em torno de R$ 280 (o que deveria gerar um recolhimento de cerca de R$ 245 mil mensais). Esse dinheiro deve ser empregado no pagamento de contas de água, luz e empregados, manter o fundo de reserva e as instalações do conjunto. No entanto, a falta de pagamento chega a índices alarmantes”, revela.

Araújo explica que a inadimplência mensal corresponde a aproximadamente R$ 75 mil, o que impossibilita o investimento em melhorias.

“Quem paga as contas em dia reclama que o conjunto parece mal cuidado, mas não entende que dependo do dinheiro de todos para poder realizar melhorias necessárias”, justifica.

Solução – Depois de passar por muitos problemas semelhantes aos de Araújo, a advogada Rita de Cássia Borges, de 53 – que é síndica do Condomínio Boaventura, no Fonseca, em Niterói, há oito anos – decidiu, em acordo com os moradores, entregar a administração do edifício a uma empresa especializada. Segundo ela a medida beneficiou o convívio entre os moradores.

“Depois que a administradora assumiu o condomínio, não tivemos mais problemas. A empresa cuida da parte contábil, funcionários, cobra os inadimplentes e nos auxilia inclusive em obras e manutenção. Eles cuidam até do nosso fundo de reserva, assim sobra tempo para investir na relação com os condôminos”, ressalta.

O advogado Marco Rocha, gestor de condomínios da Cipa S.A., explica que o Código Civil exige que, mesmo sob administração de uma empresa especializada, exista a figura do síndico no condomínio

“Quem assume o cargo de síndico precisa estar disposto a fazer tudo dar certo, além de saber que vai trabalhar em prol de uma comunidade sem ter o mérito reconhecido, na maioria das vezes”, afirma.
Ele aconselha ainda que os casos de inadimplência sejam cobrados rapidamente, para que a dívida não se acumule, o que só agrava o problema. Ele diz ainda que a empresa orienta os clientes nessas questões.


Fonte: Jornal O Fluminense - Caderno Habitação
Publicada em 15/08/2010
Simone Schettino